segunda-feira, 22 de março de 2010
TRÁFICO DE ORGÃOS HUMANOS. UM CRIME PERMITIDO?
Quando em 3 de Dezembro de 1967 Christian Barnard, um cirurgião sul-africano, realizou o primeiro transplante cardíaco bem sucedido num ser humano, a sociedade civil rejubilou, por este feito científico de grande significado para a humanidade. Mas o pensamento, mais uma vez, não acompanhou a ciência.
Presentemente efectuam-se transplantes das mais variadas naturezas, todos os dias, a todas as horas.
É uma excelente evolução da ciência que preserva e prolonga vidas humanas.
Mas este avanço científico trouxe consigo um outro problema: Como encontrar órgãos disponíveis e em condições de serem transplantados para fazerem face às necessidades dos doentes?
E logo que a escassez se instalou, surgiu o tráfico ilegal de órgãos humanos.
A venda ilegal de órgãos humanos recolhidos em cadáveres ou em seres humanos vivos.
E este tráfico lança-nos várias questões, várias interrogações a que temos que responder!
Será que qualquer ser humano é suficientemente "dono do seu corpo" para doar um órgão para transplante? Para salvar um familiar? Para salvar um amigo?
E, se em vez de doar esse órgão, esse mesmo ser humano proceder à sua venda? Salvando da mesma forma um ser humano?
E se um qualquer ser humano em estado de extrema miséria se vir na necessidade de ir vendendo partes do seu corpo para sobreviver? Os olhos? Os rins? Os pulmões? Os dedos?
Será aceitável?
E, se em algum momento, este tráfico de orgãos humanos for destinado a salvar um nosso ente querido, familiar ou amigo?
E se, em vez da colheita de órgãos para transplante ser efectuada por esta via, se desenvolverem processos de clonagem de seres humanos apenas com esta finalidade? A criação de órgãos para transplante?
Será que o tráfico de órgãos humanos não acaba por ser um "crime permitido" mesmo na nossa sociedade ocidental?
E os direitos humanos, neste caso, estarão defendidos?
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http://ppavesi.blogspot.com
ResponderExcluirRealmente questões difíceis. Em princípio eu acho que a justiça deve ter um papel ativo na questão, sem tirar o direito de uma pessoa sã querer doar ou vender parte do corpo e outro de comprar, desde que comprovada a sanidade de ambas as partes, que o doador/vendedor esteja ciente dos riscos, danos e cuidados posteriores com sua saúde e que o uso do órgão seja realmente para transplante. Acho que este seria um mecanismo básico de controle ao abuso, oportunismo e exploração da miséria e da ignorância.
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